O nada.

O nada é o acaso, é o vazio. Para alguns, é a própria vida. Para outros, é a fuga, o desalento. Há aqueles que vem no nada, o infinito, o impossível, o inimaginável. Mas para mim, porém, o nada é simplesmente o nada. Não vejo nada de especial no nada.

É incrível como certas palavras ganham significados diferentes no decorrer do tempo. A personalidade, por exemplo, adquire na psicologia um conceito diferente daquele antigamente atribuído a um personagem numa peça teatral, ou até mesmo, a própria “máscara” na tradição etrusca.  E assim pode-se dizer que há inúmeros exemplos.

No nosso tempo, algumas marcas passaram a ser sinônimos do produto. É o caso da gilete, do xérox e da maisena. No sul do país, o doce de leite é carinhosamente conhecido por “mu-mu”.

Que sentido teriam então as palavras na formação do nosso caráter, do que somos hoje? Não seriam elas condutoras de conceitos e concepções que se amparam nas leis do universo? Não seriam elas parte da linguagem do criador? Mas se fossem, por que se alteram tanto? Por que são tão flexíveis, tão mutáveis? Não teriam as palavras certo valor? Que valor é esse?

Parafraseando Humberto Gessinger, vocalista dos Engenheiros do Havaii, o nada não é mais que uma palavra esperando ainda por uma tradução. De fato, o nada talvez sempre seja simplesmente o nada.